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As Masculinidades

  • Foto do escritor: Danilo Santos
    Danilo Santos
  • 29 de jun. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 3 de jan.


Sim, existem várias

 



Coloque sua saia, pinte algumas unhas, sente-se aqui e vamos conversar. E aí, isso mexeu com a sua masculinidade? Não importa o quanto se discuta sobre o feminino e os diversos gêneros, o homem permanece o mesmo há pelo menos dois séculos. Muitas são as discussões sobre os motivos que nos levam a esse ponto. Talvez a principal delas seja: qual é o real problema em não corresponder ao padrão masculino? Todos os atendimentos masculinos que realizei revelaram um descontentamento em relação ao peso que esse papel exerce sobre eles, de alguma forma. Seja pela cobrança dos pais, seja pelas expectativas sociais, a construção da imagem do homem oculta inúmeros problemas por trás de promessas vazias.

As ilusórias vantagens que os homens têm na sociedade parecem criar a sensação de que “em time que está ganhando não se mexe”. No entanto, um relatório da OMS, divulgado em 2019, revelou que os homens apresentam as maiores taxas de suicídio, homicídio, vícios e acidentes de trânsito, além de uma maior propensão ao surgimento de doenças crônicas não transmissíveis. Sem contar que a expectativa de vida dos homens na região das Américas é de 5,8 anos menor que a das mulheres. A conclusão do estudo aponta para as regras socialmente impostas aos homens, que resultam em falta de autocuidado e negligência em relação à própria saúde física e mental. Mas nem tudo são más notícias.

Há uma nova proposta em relação aos papéis sociais e suas implicações. Uma boa pergunta nesse contexto seria: por que não mudarmos, aos poucos, algo que nos afeta negativamente? Embora estejamos tão enraizados em nossas próprias construções, pequenos detalhes, como prestar atenção aos próprios sentimentos e trazê-los à tona, podem gerar grandes mudanças a longo prazo.

Na minha experiência clínica, percebo o quão solitários os homens chegam aos atendimentos e como têm dificuldade em entrar em contato com questões que, após algumas sessões, se tornam óbvias. Infelizmente, a criação masculina os afasta de seus sentimentos; afinal, “meninos não choram”, não é? Eles não são ensinados a ser responsáveis emocionalmente pelas pessoas ao seu redor. Cuidar de uma boneca e suprir suas necessidades é considerado “coisa de menina”. Meninos são criados para as “brincadeiras de lutinha”, para a competição no futebol e para se tornarem o grande “pegador”. Essas agressividades se manifestam em crianças desamparadas desde pequenas e, por não serem percebidas, não aparecem como problemas reais. Mas quantos desses homens hoje são maridos distantes, pais que não sabem lidar com os filhos ou amigos opressores?

Vale a pena falar sobre isso, sobre sua criação e seus sentimentos. Ter um contato mais profundo com o que você carrega no peito só traz vantagens. Isso é o que chamamos de autoconhecimento. Alguém precisa romper com esse ciclo de masculinidade opressora, e pode confiar: o alívio faz parte do processo.



 

 
 
 

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© 2024 por Danilo Santos

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